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Concessão de crédito em regiões com alto índice de desbancarização: oportunidades e soluções

12 of maio of 2025

A concessão de crédito em regiões desbancarizadas segue sendo um dos maiores desafios do sistema financeiro no Brasil. A ausência de acesso a serviços bancários formais faz com que muitas pessoas não possuam dados nos bureaus de crédito.

por matera

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 Profissional diante de computador analisando dados, ao lado de fluxograma que mostra o uso de dados transacionais, comportamentais e públicos processados por inteligência artificial para gerar ações estratégicas.

A concessão de crédito em regiões desbancarizadas segue sendo um dos maiores desafios do sistema financeiro no Brasil. A ausência de acesso a serviços bancários formais faz com que muitas pessoas não possuam dados nos bureaus de crédito.

Nesse cenário, a informalidade econômica e a escassez de dados dificultam uma análise de risco precisa, tornando o processo de crédito mais incerto e distante do real perfil do cliente. 

Essa situação limita não apenas os consumidores dessas regiões, mas também o potencial de atuação das instituições, que têm trabalhado para superar o desafio da zona cinzenta. 

Agora com a ajuda da tecnologia, as instituições ganham novas oportunidades. É sobre isso que falaremos neste conteúdo. Continue sua leitura!

 O desafio da desbancarização e da falta de dados

A ausência de infraestrutura bancária em determinadas regiões ainda impõe barreiras significativas de acesso ao crédito e a outros serviços financeiros essenciais.

 A limitação do acesso à internet — realidade para cerca de 29 milhões de brasileiros — reforça esse cenário de exclusão. Sem conectividade, o ciclo de digitalização não se completa e impede a inclusão de grande parte da população no sistema financeiro. 

Com isso, a escassez de dados nessas regiões amplia e torna o processo de análise mais arriscado, com alto custo operacional e elevado índice de incerteza na concessão.

O resultado é um ciclo de exclusão financeira que freia o crescimento de comunidades e limita a expansão das próprias instituições.

Dificuldades enfrentadas por instituições financeiras ao operar nessas regiões 

Sem dados tradicionais, como informações de crédito ou renda declarada, é mais difícil prever o comportamento de pagamento. A falta de comprovação de renda formal é comum nessas áreas porque muitos consumidores dependem de trabalhos informais ou sazonais. 

Nesses casos, o acesso a informações confiáveis também é limitado. Problemas logísticos e tecnológicos, como a falta de conectividade, impedem que as instituições financeiras obtenham dados consistentes para alimentar seus modelos. 

Essa barreira reduz a eficiência e a precisão na análise de risco para regiões com alto índice de desbancarização, afetando diretamente a inclusão financeira.

Por que é importante que o crédito chegue a essas regiões?

A concessão de crédito em regiões desbancarizadas representa mais do que uma oportunidade para as instituições financeiras. 

É uma ferramenta de transformação social capaz de romper ciclos de exclusão e fomentar o desenvolvimento das comunidades. 

Quando o crédito formal não chega, os efeitos são visíveis: economia local estagnada, crescimento limitado e dependência de alternativas informais com juros abusivos.

Entre as principais consequências da ausência de crédito nessas áreas estão a restrição ao investimento em pequenos negócios, a ampliação da desigualdade e a falta de oportunidades reais de crescimento econômico e social.

Desenvolvimento econômico local

O acesso ao crédito ativa a economia local. Pequenos empreendedores, agricultores familiares e comerciantes passam a ter condições de investir em infraestrutura, ampliar operações e contratar funcionários. 

Esse movimento fortalece as cadeias produtivas da região, gera emprego e renda, e cria um ambiente mais favorável ao crescimento sustentável.

Educação e autonomia financeira

O impacto do crédito vai além do momento da contratação. Ele transforma a forma como as pessoas lidam com o dinheiro, incentivando o planejamento financeiro, a formalização de negócios e a criação de reservas. 

Com o tempo, essa mudança de comportamento reduz a informalidade e fortalece a educação financeira, preparando famílias e empreendedores para tomar decisões mais conscientes e construir um futuro mais seguro.

Fomento ao consumo

O crédito também impulsiona o consumo, especialmente em regiões onde o acesso a bens e serviços é historicamente limitado. Ao ter recursos disponíveis, consumidores conseguem realizar compras que antes eram inviáveis, o que movimenta o comércio e gera um ciclo econômico mais dinâmico.

Além disso, a oferta de crédito formal reduz a necessidade de recorrer a soluções informais, que muitas vezes são mais caras e arriscadas. Na pesquisa “Jornada de Crédito: como consumidores e executivos avaliam oportunidades e riscos”, identificamos que pouco mais da metade dos entrevistados já teve ao menos um pedido de crédito negado ao longo da vida, sendo 36% nos últimos 12 meses.

Entre os que tiveram o crédito negado, 10% recorreram a empréstimos informais e 4% chegaram a fazer apostas como tentativa de conseguir recursos.

Esses dados reforçam a urgência de expandir o acesso ao crédito como forma de promover inclusão financeira e proteção social.

Baixe a pesquisa completa e descubra como o crédito está moldando comportamentos, decisões e oportunidades em todo o país.

Como a IA pode ajudar a superar a falta de dados em regiões desbancarizadas

A ausência de dados tradicionais é uma das principais barreiras para a concessão de crédito em regiões desbancarizadas.

A tecnologia permite conectar diferentes tipos de informações para gerar insights sobre o perfil de risco de cada indivíduo, mesmo em cenários desafiadores. A inteligência artificial oferece uma abordagem eficiente para contornar esse desafio ao ampliar a capacidade de análise e extrair valor de fontes não convencionais.

Isso inclui a utilização criativa de dados públicos, transacionais e comportamentais e modelagem para compensar a ausência de históricos financeiros completos. Além disso, a IA pode processar grandes volumes de dados, identificando padrões até então invisíveis. 

Esse poder analítico não apenas mitiga a falta de informações, mas também proporciona às instituições financeiras uma base sólida para tomar decisões mais assertivas.

Conexão entre diferentes tipos de dados

Conectar dados de diferentes fontes é uma das principais estratégias para superar a falta de informações tradicionais em regiões desbancarizadas. 

Por exemplo, dados de contratações e desligamentos, disponíveis em registros públicos como o CAGED, são excelentes indicadores da ocupação profissional e da estabilidade econômica, essenciais para modelagem de crédito.

Dados de comportamento digital também entram nessa equação, fornecendo insights sobre hábitos de consumo e preferências do usuário. O cruzamento desses dados pode transformar áreas antes ignoradas em regiões economicamente viáveis, criando novas oportunidades tanto para as instituições financeiras quanto para os clientes.

Exemplos de dados que podem ser utilizados

Diversas fontes de informações podem ser exploradas para construir perfis robustos e confiáveis, ampliando o acesso ao crédito e reduzindo riscos para as instituições financeiras. 

A seguir, destacamos alguns exemplos de dados que podem ser utilizados para modelagem de crédito em regiões com alto índice de desbancarização:

  • Dados transacionais: registros de compras, pagamentos e transferências oferecem insights sobre padrões de consumo e comportamento financeiro, mesmo em economias informais;
  • Dados comportamentais: hábitos digitais, como frequência de uso de aplicativos financeiros e navegação em e-commerces, complementam a análise com informações sobre o estilo de vida e preferências dos clientes;
  • Dados geográficos: informações sobre o desenvolvimento econômico local, como crescimento de setores específicos ou índices de empregabilidade, permitem uma contextualização mais precisa dos riscos e oportunidades.

Algoritmos preditivos para avaliar risco de crédito

Algoritmos preditivos são ferramentas poderosas para reduzir incertezas ao conceder crédito em regiões desbancarizadas. Esses sistemas podem identificar padrões e prever comportamentos com base em informações incompletas ou alternativas. 

Um exemplo disso é o uso de machine learning para analisar dados demográficos e transacionais conjuntamente, criando previsões mais assertivas sobre a probabilidade de inadimplência.

Há ainda a possibilidade dos algoritmos serem ajustados para avaliar cenários específicos de risco. Em regiões com alto índice de informalidade, por exemplo, eles conseguem calcular probabilidades de retorno financeiro mesmo em condições econômicas adversas. 

Uso de modelos para criar perfis de crédito

A IA permite a criação de perfis de crédito detalhados mesmo na ausência de informações tradicionais, como histórico financeiro e comprovação de renda. Isso é possível através da integração de dados alternativos, como padrões de consumo e informações públicas. 

Esses modelos não apenas avaliam o risco com maior precisão, mas também identificam oportunidades para personalizar ofertas de crédito. 

Em áreas rurais, por exemplo, modelos baseados em dados locais podem indicar o potencial de crescimento econômico ligado à agricultura familiar. Já em regiões urbanas, é possível identificar segmentos populacionais com alta probabilidade de consumo responsável, mesmo sem históricos de crédito formais. 

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Na Matera, inteligência em crédito é aplicada com propósito. Nossas soluções combinam dados, tecnologia e expertise regulatória para entregar decisões mais rápidas, precisas e alinhadas ao perfil de cada cliente.

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Conclusão 

Como vimos, para superar os desafios do crédito em regiões desbancarizadas, as empresas precisam de criatividade, inovação e comprometimento com a inclusão financeira. 

A falta de dados estruturados e históricos financeiros não deve ser uma barreira intransponível, mas um convite para explorar soluções alternativas e tecnológicas, como o cruzamento de dados públicos e o uso de inteligência artificial.

Ao investir em estratégias voltadas para atender a essas populações, as instituições financeiras não apenas ampliam sua base de clientes, mas também impulsionam o desenvolvimento econômico e social de comunidades frequentemente deixadas à margem. 

Essa abordagem cria um ciclo virtuoso, em que o crédito fomenta o consumo, a formalização de negócios e o fortalecimento das economias locais.