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SCR: quais as responsabilidades das instituições financeiras, desafios do reporte e como evitar riscos regulatórios

13 de outubro de 2025

Por trás de cada decisão de crédito no país existe um sistema que reúne, organiza e reflete a realidade financeira de milhares de clientes: o SCR, o Sistema de Informações de Crédito do Banco Central.

por matera

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Infográfico sobre "Gestão completa dos relatórios do SCR".  Mostra, à esquerda, uma pessoa interagindo com um tablet que exibe um relatório com gráficos.  À direita, um fluxo de informação: uma "Instituição Financeira" envia os relatórios CADOC 3040, CADO

Por trás de cada decisão de crédito no país existe um sistema que reúne, organiza e reflete a realidade financeira de milhares de clientes: o SCR, o Sistema de Informações de Créditos do Banco Central.

É a partir dele que o mercado enxerga o nível de endividamento, o comportamento de pagamento e o volume de crédito concedido por cada instituição.

Mais do que um repositório de dados, o SCR é uma ferramenta que sustenta a transparência do sistema financeiro, ajuda as instituições a tomarem decisões mais seguras e permite que o Banco Central acompanhe a saúde do crédito no país.

Por isso, o papel das instituições financeiras vai muito além de apenas enviar relatórios. É preciso garantir que as informações sejam completas, consistentes e enviadas dentro dos prazos, o que representa um desafio considerável, especialmente diante do volume e da complexidade dos dados envolvidos.

Neste conteúdo, vamos entender melhor como funciona o SCR, quais relatórios o alimentam, a importância do registro correto e as boas práticas que ajudam a evitar riscos regulatórios e operacionais.

O que é o SCR e qual seu objetivo?

O SCR (Sistema de Informações de Créditos), também conhecido no mercado como Central de Riscos, é o sistema do Banco Central que reúne todas as informações sobre operações de crédito realizadas no país.

É por meio dos relatórios do SCR que o BC consegue acompanhar o nível de inadimplência e o volume de crédito concedido pelas instituições financeiras. Isso ajuda a manter a estabilidade do sistema financeiro.

Quem deve alimentar o SCR?

Bancos, financeiras, cooperativas e todas as demais instituições que concedem crédito e mantêm operações ativas têm a obrigação de enviar periodicamente relatórios que alimentam o SCR.

Esses relatórios são chamados de CADOC (Catálogo de Documentos) e possuem caráter regulatório. Eles servem para que o Banco Central acompanhe o comportamento do crédito no país: o volume de operações, o nível de inadimplência e a exposição de cada instituição ao risco.

Os CADOCs, são enviados em formato padronizado e dentro de prazos definidos pelo regulador. O não cumprimento dessas obrigações pode gerar penalidades para a instituição.

Além disso,é importante lembrar que essas informações também formam uma base de dados compartilhada que pode ser consultada por outras instituições autorizadas.

É a partir dela que o mercado avalia o histórico de crédito dos clientes e toma decisões mais seguras na hora de conceder novos empréstimos.


Quais relatórios e informações são enviadas ao SCR?

Cada CADOC tem uma finalidade específica, mas podemos dizer que os principais da Central de Riscos são o 3040, 3050, 3026 e, agora, o 3044, que será implementado em novembro de 2025.

Vamos entender melhor o papel de cada um deles.

CADOC 3040

Considerado o principal regulatório da Central de Riscos do Banco Central, o Cadoc 3040 é um arquivo gerado mensalmente pelas instituições. Ele funciona como uma fotografia das operações de crédito no último dia do mês.

Nele, as instituições financeiras reportam informações detalhadas de todas as operações de crédito, separadas por cliente e por modalidade. O relatório mostra, por exemplo, se a operação é parcelada, como estão distribuídas as parcelas, se há atraso ou se estão em dia.

Além disso, o 3040 inclui dados sobre classificação de risco e provisão para perdas em operações de crédito, que indicam o estágio de recuperação do cliente e o nível de risco da operação.

Essas informações são enviadas ao Banco Central e permitem que o mercado consulte o histórico de crédito de um cliente. Ou seja, um banco pode verificar, pelo CPF, o total de dívidas de uma pessoa, se ela está em dia, em atraso ou em recuperação.

A principal limitação desse relatório é a defasagem: como o 3040 representa uma fotografia do último dia do mês, as informações de 30/09, por exemplo, só ficam disponíveis por volta do dia 10/10  e as de 30/10, apenas no início de novembro. Isso significa que o mercado trabalha com dados de crédito defasados por cerca de 40 dias.

Para reduzir essa lacuna, o Banco Central desenvolveu um novo relatório: o Cadoc 3044, que entrará em produção a partir de novembro de 2025.

CADOC 3044

O 3044 trará uma atualização diária dos saldos de todas as operações de crédito.

Assim, se no dia 30/09 constava uma dívida e no dia 15/10 o cliente pagou uma parcela, o banco deverá informar essa atualização, ajustando o saldo devedor.

O prazo máximo para envio dessas atualizações será de cinco dias, o que tornará o acompanhamento muito mais dinâmico e próximo da velocidade em que as operações acontecem hoje em dia.

Em outras palavras, o 3044 vem justamente para eliminar a defasagem do 3040 e manter as informações sempre atualizadas.
 

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CADOC 3050

Outro relatório importante é o Cadoc 3050, de envio semanal. Seu foco é diferente: ele serve para informar as taxas de juros praticadas nas novas operações de crédito.

Toda semana, as instituições calculam e enviam as taxas médias por modalidade, como crédito pessoal, cheque especial, consignado, entre outros.

Esses dados também ficam disponíveis para o mercado e ajudam a aumentar a transparência e a competitividade.

Com isso, os bancos conseguem acompanhar as taxas praticadas pelos concorrentes e ajustar suas estratégias. Se uma instituição percebe que está muito acima da média, por exemplo, pode rever suas condições para não perder clientes.

CADOC 3026 

Por fim, o Cadoc 3026 é um relatório anual, voltado para operações de maior valor.

Nele, cada conglomerado financeiro deve informar se há alguma operação individual superior a R$ 5 milhões.

Ou seja, uma vez por ano, as instituições precisam reportar todas as operações que ultrapassam esse valor, considerando a base completa de crédito do conglomerado.

Qual a importância do registro correto das instituições?

Registrar corretamente as operações de crédito não é apenas uma exigência do Banco Central, é o que garante a integridade de todo o sistema financeiro. Quando as informações são consistentes e atualizadas, o BC consegue acompanhar a saúde do crédito no país, e o mercado passa a operar com mais transparência e previsibilidade.

Por outro lado, inconsistências, atrasos ou falhas no envio dos relatórios podem gerar impactos sérios. Além de comprometer a qualidade das informações disponíveis ao mercado, a instituição corre o risco de sofrer penalidades regulatórias, auditorias adicionais e até restrições operacionais impostas pelo Banco Central.

Manter a qualidade dos registros é, portanto, uma questão de responsabilidade e de gestão de risco. 

Em um cenário em que os regulatórios ganham cada vez mais relevância e visibilidade, garantir a integridade dos dados do SCR é também uma forma de fortalecer a imagem institucional e reforçar a confiança junto ao mercado e aos clientes.

Principais desafios enfrentados pelas instituições no registro do SCR

Quando falamos em operações de crédito, estamos nos referindo a tudo o que envolve crédito dentro da instituição: desde o cheque especial e cartão de crédito à operações de financiamentos. 

E o grande desafio das instituições é consolidar todas essas informações de forma padronizada e coerente, garantindo que cada cliente tenha uma visão única dentro do SCR.Podemos elencar dois desafios centrais na construção dos relatórios.

1. Complexidade e volume de dados 

O volume de informações gerado por uma instituição financeira é imenso. Todos os dias, milhares de novas operações de crédito precisam ser registradas, atualizadas e reportadas.

Esses dados vêm de diferentes origens, como sistemas de cartão, empréstimo pessoal, crédito consignado e financiamento, e precisam ser integrados para formar a “foto completa” de cada cliente.

O resultado são arquivos extremamente grandes, reunindo informações de milhões de contratos. 

Por isso, é essencial ter processos operacionais bem estruturados, com controles de qualidade, prazos definidos e conferência constante dos dados, garantindo que tudo seja enviado dentro dos padrões e prazos estabelecidos pelo Banco Central.

2.Integração tecnológica

A integração tecnológica é o ponto central de todo esse processo.

Imagine um cliente que tem três produtos diferentes: um crédito pessoal, um cartão de crédito e um empréstimo consignado. Cada uma dessas operações está em um sistema diferente dentro da instituição, e nenhum deles, isoladamente, tem a visão completa da dívida do cliente.

O papel da integração é justamente conectar esses sistemas e consolidar todas as informações por CPF ou CNPJ, criando uma visão única e confiável de cada operação.

Essa estrutura é o que sustenta a qualidade dos dados enviados ao SCR, e, consequentemente, a solidez do mercado de crédito como um todo.

Boas práticas para alimentar o SCR com qualidade

Manter o SCR em dia exige organização. A operação de um banco precisa estar muito bem estruturada para que o envio das informações aconteça com qualidade e dentro dos prazos.

Esse é um processo grande, que envolve volumes massivos de dados, arquivos pesados e etapas que precisam conversar entre si. 

Por isso, ter controle operacional, padronização e boas ferramentas é essencial para garantir que as informações cheguem de forma coerente ao Banco Central, do início ao fim.

Automação de processos

Gerar e enviar relatórios regulatórios não é uma tarefa simples. É um processo cheio de detalhes, por isso, automatizar essa rotina é, hoje, uma das melhores formas de garantir eficiência e qualidade.

Quando o banco tenta fazer tudo de forma interna, acaba precisando de uma estrutura enorme, times técnicos, integrações complexas, controles e auditorias o tempo todo. 

As soluções automatizadas entram justamente para aliviar essa carga. Elas organizam o fluxo de dados, estruturam os relatórios e reduzem o esforço operacional, deixando a instituição mais livre para focar no que realmente importa: o seu core business.

No fim das contas, a tecnologia ajuda a tirar o peso da burocracia e a trazer mais confiabilidade ao processo.

Com dados precisos, entregues dentro do prazo, o relacionamento com o Banco Central e com o mercado se torna mais transparente e sólido.

Conheça as soluções da Central de riscos Matera

As soluções da Matera são desenvolvidas por especialistas com ampla experiência no mercado financeiro. 

Ao longo dos anos, acompanhamos de perto as diversas mudanças regulatórias e mantemos um relacionamento constante com o Banco Central e outros reguladores, para garantir que nossas soluções estejam sempre atualizadas e em conformidade com as exigências do mercado.

Nossos sistemas, além de robustos e seguros, são completos. Para a geração de arquivos, contamos com validadores que seguem rigorosamente as regras do BC, ou seja, facilitamos o processamento e a verificação dos seus dados antes do envio ao Banco Central para garantir que os relatórios não sofram nenhuma crítica do regulador.

Como exemplo, podemos citar o layout 3040. Para montar esse arquivo, é necessário reunir dados de diversas operações, como crédito e cartão de crédito, informações que, muitas vezes, estão distribuídas em diferentes sistemas.

Por isso, existe um processo de integração de dados. Dentro do sistema, ocorre toda a consolidação e validação dessas informações, resultando na geração do arquivo final.  

Se quiser entender mais sobre todo o nosso processo para geração dos relatórios do SCR, nossos especialistas estão prontos para te atender, entre em contato.

Conclusão

Mais do que uma obrigação regulatória, o SCR é parte essencial para a transparência e a solidez do sistema financeiro. Ele garante que o Banco Central, as instituições e os próprios clientes tenham acesso a informações sobre as operações de crédito, contribuindo para decisões mais seguras e responsáveis.

Manter a qualidade dessas informações é um compromisso que vai além do cumprimento de prazos. Envolve processos bem estruturados, padronização, automação e uma cultura de cuidado com os dados.

Quando as instituições tratam o SCR com essa visão, ganham eficiência, reduzem riscos e fortalecem a confiança do mercado. 

No fim das contas, qualidade no envio ao SCR é sinônimo de qualidade na gestão do crédito, e isso é o que sustenta um sistema financeiro mais saudável, estável e transparente.