
Manter a contabilidade em dia é uma obrigação de toda empresa, e isso começa com um plano de contas, uma estrutura organizada que define como as movimentações financeiras serão registradas e acompanhadas.
Em instituições financeiras, no entanto, esse processo é muito mais complexo e exige um nível de padronização rigoroso.
É aí que entra o Banco Central. Como supervisor do sistema financeiro, ele precisa acompanhar de perto a saúde contábil de bancos, cooperativas, financeiras e instituições de pagamento. Para isso, criou o COSIF, um modelo contábil próprio, com regras específicas e um plano de contas padronizado que todas essas instituições devem seguir.
Na prática, o Cosif garante comparabilidade, transparência e integridade nas informações contábeis prestadas ao regulador. Mas também impõe um desafio: manter o controle preciso dessas informações em ambientes cada vez mais dinâmicos e digitalizados.
Neste conteúdo, você vai entender o que é o COSIF, qual seu papel dentro do sistema financeiro, o que mudou em 2025 e como tecnologias como as Regtechs estão ajudando as instituições a cumprir essas exigências com mais eficiência.
Boa leitura!
O que é o COSIF?
Cosif é a sigla para Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro, supervisionadas pelo Banco Central do Brasil.
Na prática, é um plano contábil com números de contas padronizados definidos pelo Bacen. Isso garante que bancos, instituições de pagamento e outras entidades usem a mesma "linguagem contábil".
Além de se referir ao plano como um todo, o termo COSIF também é usado para indicar as contas contábeis específicas, cada uma com um código numérico e uma descrição, como "valores a pagar" ou "depósitos".
Essa padronização facilita a supervisão do Banco Central e a análise da saúde financeira das instituições. Com todo mundo “falando a mesma língua”, o sistema fica mais transparente e comparável.
O papel do Cosif no ecossistema regulatório
Mais do que um plano de contas, o Cosif, é uma ferramenta essencial para padronizar, integrar e garantir a conformidade contábil no setor financeiro.
Veja como ele cumpre esse papel:
Padronização e integração de informações
Seu principal objetivo é uniformizar os critérios contábeis adotados por instituições financeiras e de pagamento. Com isso, o Bacen consegue integrar dados de diferentes tipos de entidades, bancos múltiplos, DTVMs, instituições de pagamento, SCDs, entre outras, dentro de uma estrutura comum.
Base para análise regulatória e supervisão
Ao adotar um padrão único, o Banco Central facilita a análise e o acompanhamento do desempenho das instituições. Isso inclui desde a verificação da saúde financeira das entidades até a geração de dados públicos (como os do IF.data), garantindo transparência e comparabilidade.
Suporte ao compliance regulatório
O Cosif também funciona como uma ferramenta de compliance, assegurando que todas as instituições estejam alinhadas às exigências contábeis do regulador. Ele fornece uma resposta estruturada a riscos sistêmicos, como os observados na crise de 2008, reforçando a solidez do sistema financeiro.
Estrutura do COSIF: principais componentes
O Cosif é organizado em quatro capítulos que orientam como as instituições devem registrar e reportar suas informações contábeis ao Banco Central:
Princípios e Critérios Contábeis: define os princípios gerais para reconhecimento, mensuração, escrituração e evidenciação das operações. É a base conceitual da contabilidade regulatória.
Elenco de Contas: traz o conjunto completo de contas que devem ser utilizadas: ativo, passivo, patrimônio líquido, contas de resultado e contas de compensação. É o coração operacional do COSIF.
Modelos de Documentos: apresenta os modelos padronizados que as instituições devem usar para enviar informações ao Bacen. Isso garante uniformidade nos relatórios enviados ao regulador.
Anexos: reúne normas complementares aprovadas pelo Bacen, incluindo pronunciamentos do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) que foram oficialmente recepcionados.
O que mudou no COSIF em 2025?
Em 2025, entrou em vigor uma grande atualização no COSIF, apelidada pelo mercado de "COSIF 1.5".
Essa mudança decorre da Resolução CMN nº 4.966, que oficializa a adoção da norma internacional IFRS 9, voltada ao tratamento contábil de instrumentos financeiros.
A medida faz parte da agenda do Banco Central para aumentar a transparência, segurança e comparabilidade do sistema financeiro, mantendo a abordagem prudencial brasileira.
A principal transformação é conceitual: a contabilidade deixa de olhar apenas para as perdas já incorridas e passa a exigir uma análise constante do risco futuro, com base no conceito de perdas esperadas.
Isso demanda ajustes nos sistemas, processos e políticas contábeis das instituições.
Veja os principais pontos:
Nova arquitetura do plano de contas
Mais detalhamento, seis níveis de agregação, rubricas com nove dígitos e novos critérios de classificação contábil.
Adoção do IFRS 9
Novos procedimentos e critérios são aplicados à classificação, mensuração e divulgação de instrumentos financeiros, como operações de crédito, títulos e recebíveis.
Perdas esperadas
A base de cálculo da PDD passa a incluir também clientes adimplentes, exigindo estimativas estatísticas e projeções, inclusive com modelos simplificados para instituições de menor porte.
Remoção do “atributo”
Deixa de existir o campo que indicava quais contas podiam ser usadas por cada tipo de instituição. Agora, a escolha correta depende da numeração, descrição e função contábil.
Novas classificações de instrumentos financeiros
A classificação de Títulos e Valores Mobiliários (TVM) se estende a todos os instrumentos financeiros, que passam a ser categorizados em:
- Custo amortizado (CA)
- Valor justo no resultado (VJR)
- Valor justo em outros resultados abrangentes (VJORA)
Conceito mais amplo de crédito
O COSIF agora adota um conceito que inclui não apenas "operações de crédito", mas também "outras operações com característica de crédito".
Novo modelo tributário
A Lei nº 14.467/2022 define novas regras para o reconhecimento de perdas com impacto fiscal.
Simplificações e revogações
Revogação do antigo modelo de contabilidade de câmbio e simplificação no tratamento de derivativos.
Novas contas de compensação
Foram criadas novas contas de compensação para maior detalhamento das movimentações e transações, exigindo a verificação nos bancos de dados internos das instituições.
Mudanças no tratamento de garantias financeiras prestadas
O tratamento contábil das garantias financeiras prestadas foi alterado, impactando o reconhecimento de prêmios e provisões, sendo que o prêmio agora é reconhecido como receita diferida (passivo) e apropriado ao longo do tempo.
Segregação de resultados
As contas de resultado passam a refletir com mais clareza a composição do valor patrimonial, separando juros, variação cambial, perdas de crédito e ajustes ao valor justo.
Metodologia simplificada e completa
A resolução define que, de acordo com o segmento da instituição (S4, S5, IPs, administradoras de consórcio ou S1, S2, S3), o cálculo da provisão de perdas pode ser feito por metodologia simplificada (tabelas e percentuais mínimos) ou completa (cálculos estatísticos e gestão de risco de crédito.
Impacto no Cadoc 3040
O Cadoc 3040 foi atualizado para incluir as provisões para perdas esperadas, caracterização de ativo problemático, instrumentos reestruturados e a clusterização de carteiras.
Como uma solução Regtech pode facilitar o cumprimento do Cosif
A adaptação ao COSIF exige não apenas compreensão técnica, mas também boas ferramentas que tornem esse processo mais ágil, seguro e eficiente. É nesse ponto que as Regtechs ganham protagonismo.
Soluções como o sistema Gestão Contábil da Matera simplificam a execução da norma contábil ao oferecer funcionalidades específicas para instituições financeiras.
Um exemplo é o recurso de “de-para”, que permite mapear contas contábeis internas para as contas oficiais do COSIF definidas pelo Banco Central. Com isso, a equipe de contabilidade reduz erros, automatiza parte do processo e garante maior conformidade nos relatórios regulatórios.
Nesse cenário, adotar uma solução Regtech que entende a complexidade do ambiente regulatório e automatiza parte das exigências do COSIF deixa de ser uma opção e passa a ser um passo estratégico para manter a operação em conformidade, com governança, agilidade e menor risco.
Mais do que adequação: simplifique, automatize e ganhe eficiência. Descubra como a solução Regtech da Matera pode transformar sua rotina regulatória, fale com um de nossos especialistas.
Conclusão
O COSIF estabelece uma base padronizada para a contabilidade de instituições supervisionadas pelo Banco Central, promovendo organização, transparência e comparabilidade nos registros financeiros.
Mais do que seguir um modelo técnico, cumprir o COSIF significa atender a critérios rigorosos de qualidade e consistência das informações. Sua adoção, no entanto, exige cuidado técnico, aderência a prazos rigorosos e entendimento profundo das normas.
Com a entrada de novas instituições no mercado financeiro brasileiro, especialmente com a expansão de serviços como o Pix, o COSIF passa a ser uma realidade para um número ainda maior de organizações.
Isso torna ainda mais urgente a adoção de soluções que ajudem a traduzir a complexidade contábil em processos mais ágeis e seguros, reduzindo erros e aumentando a confiabilidade das informações prestadas ao regulador.
É nesse cenário que as RegTechs ganham protagonismo. Mais do que atender uma obrigação, seguir o COSIF com eficiência é garantir solidez, reputação e continuidade para a instituição. E com o suporte certo, é possível transformar um desafio regulatório em uma vantagem operacional.
Se quiser saber mais, agende uma conversa!