
Para quem quer entrar no mercado financeiro, as exigências são diferentes de acordo com o tipo de empresa a ser constituída, mas alguns aspectos convergem. No geral, você vai precisar de uma autorização do Banco Central, um modelo de negócios sólido e uma solução para a tecnologia necessária.
Quem opta por criar um banco digital, tem algumas opções disponíveis para a questão da tecnologia: é possível ter um time técnico interno para o desenvolvimento próprio ou contratar uma plataforma robusta e consolidada. Dentro da contratação, também existem algumas opções disponíveis. E é sobre isso que vamos aprofundar nas próximas linhas!
O que é uma plataforma para banco digital?
Uma plataforma para banco digital é o conjunto de sistemas e soluções tecnológicas que sustentam a operação diária da instituição e garantem a conformidade total com as normas do BC e demais órgãos reguladores.
Essa plataforma pode ser entendida como o "chassi" tecnológico da empresa, que permite à organização focar no seu core business e na aquisição de clientes, transferindo o risco burocrático e custoso de acompanhar a regulação para o fornecedor tecnológico.
A tecnologia necessária para criar um banco digital
A tecnologia necessária para criar um banco digital, como uma Instituição de Pagamento (IP) ou Sociedade de Crédito Direto (SCD) precisa ter no radar as especificações regulatórias que são definidas e publicadas pelo BACEN. Isso faz com que o sistema precise de muito mais do que apenas um sistema de contas transacionais, mas sim uma infraestrutura completa, robusta e compatível com o Sistema Financeiro Nacional (SFN).
Por isso, os componentes tecnológicos essenciais podem ser categorizados da seguinte forma:
Sistemas centrais (core banking)
O Core Banking é o conjunto de sistemas principais da operação de uma instituição financeira ou de pagamento, ou seja, é a plataforma que suporta as operações do negócio. A tecnologia mínima necessária vai depender do modelo de negócio da instituição.
Módulos transacionais: para as IPs e demais empresas que ofertam conta de pagamento ao seu cliente final, os módulos mais relevantes incluem conta corrente ou conta de pagamento, cadastro central e soluções cash in/cash out. Já uma SCD precisa de um software de crédito.
Modularidade e escalabilidade: pensando no crescimento da organização, a plataforma deve ser modular e escalável para suportar o volume de operações e permitir transição regulatória futura.
Integração: as plataformas que compõem o core banking devem ser integradas nativamente para reduzir o esforço de implantação e o tempo de colocação no mercado (time-to-market), especialmente quando soluções de diferentes fornecedores precisam conversar entre si. A plataforma também deve expor suas funcionalidades por meio de APIs para integração com sistemas terceiros.
Conexão às Infraestruturas do Mercado Financeiro (IMF)
Após a autorização, a instituição deve se conectar e homologar seus sistemas às principais infraestruturas para poder oferecer serviços:
- Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB): é a espinha dorsal do sistema financeiro, necessária para a transferência eletrônica de fundos e liquidação de operações. A homologação técnica exige que os sistemas de informação sejam compatíveis e seguros, incluindo a operação com o Sistema de Transferência de Reservas (STR) e demais clearings.
- RSFN: é obrigatório estabelecer a conexão com a Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN) para garantir a comunicação segura com o BC e outras instituições, como é necessário para a participação no Pix ou SPB.
- Pix: o sistema de pagamentos instantâneos exige a homologação da conexão e do registro de chaves com o Diretório de Identificadores de Contas Transacionais (DICT), além de testes técnicos que comprovem o cumprimento dos padrões de mensagens (ISO 20022), a capacidade de processamento em tempo real e a segurança.
- Sistemas de Recebíveis e Cartões: instituições que operam com cartões de crédito podem precisar de integração com sistemas como a Plataforma Centralizada de Recebíveis (PCR) da Núclea e o Sistema de Liquidação de Cartões (SLC) da Núclea para registro e liquidação de recebíveis e transações.
Conformidade Regulatória
A tecnologia deve ser capaz de automatizar e gerenciar as obrigações regulatórias, que são rigorosas e dependem diretamente de sistemas para serem atendidas e comprovadas durante a submissão:
- Reportes ao BCB e Receita Federal: as soluções devem garantir a geração e entrega automática ou semiautomática de reportes como Cadocs, SPED Contábil/Fiscal e DES-IF (para prefeituras), que são considerados obrigações RegTech críticas.
- Módulos de Reporte: instituições de pagamento precisam de produtos como Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional (CCS), SISBAJud (para bloqueios judiciais) e módulo contábil. SCDs precisam adicionalmente da Central de Riscos.
- Contabilidade e COSIF: é obrigatório o uso de um módulo contábil que faça a escrituração contábil das informações transacionadas e gere reportes contábeis, com suporte nativo ao Plano de Contas COSIF.
- Gestão de Riscos e Controles: o BC exige uma Estrutura de Gestão de Riscos robusta para monitorar e controlar riscos.
Requisitos de Segurança e Maturidade
É fundamental que a plataforma esteja estruturada para atender aos padrões de segurança e infraestrutura exigidos pelo regulador. Isso pode ser comprovado ao BC buscando soluções de mercado de empresas com larga experiência de mercado, reputação e histórico de segurança.
Além disso, é necessário ter capacidade tecnológica interna para monitoramento contínuo das operações em tempo real, detectando incidentes, fornecendo métricas (como tempos de processamento do Pix) e reportando falhas ao BCB.
Desenvolver em casa ou contratar uma plataforma?
A escolha entre desenvolver a tecnologia em casa ou contratar uma plataforma para banco digital depende do apetite ao risco e dos objetivos da empresa. É possível encontrar prós e contras nas duas opções e essa não pode ser uma decisão trivial.
O que considerar sobre desenvolver a própria tecnologia
Ao considerar desenvolver a própria tecnologia (in-house), alguns fatores como custos, gestão regulatória e riscos operacionais precisam estar no radar.
Essa é a opção que mais exige um apetite por risco e implica em custos e tempo altos. É preciso planejar alocação de recursos para gestão de carga burocrática, alto desenvolvimento e equipe grande e especializada.
Além disso, existe o risco de atraso, o que pode comprometer o início das operações depois da autorização do Banco Central. Alguns regulatórios obrigatórios já têm que ser enviados nos primeiros 90 dias após a autorização - ou seja, a instituição precisa estar bem afinada e no prazo.
Após o lançamento, o trabalho de conformidade regulatória e compliance continua e precisa ser mantido atualizado. Existem exigências para as instituições em níveis de BC, Receita Federal, prefeituras e entidades de autorregulação que mudam de tempos em tempos e apresentam prazos de implementação bastante rigorosos. Portanto, o ideal é ter uma equipe especializada acompanhando essas regras e garantindo a boa gestão do negócio.
Por fim, tem a própria tecnologia, que precisa estar dentro dos padrões de segurança do Sistema Financeiro Nacional (SFN). O BC exige um alto nível de segurança e infraestrutura. Não há requisitos “menos críticos”, é preciso ter foco em segurança.
O que considerar sobre contratar uma plataforma
A contratação de um fornecedor tecnológico para operações financeiras é uma decisão que deve vir antes do processo de autorização do BC para apresentação de viabilidade.
Essa opção é vantajosa, pois ela transfere a carga burocrática e custosa de absorver e desenvolver as exigências regulatórias. Isso permite que a instituição se concentre em seu negócio principal.
Ao selecionar um fornecedor para operações financeiras, os critérios vão além do preço e devem focar em robustez, conformidade e tecnologia. É preciso considerar:
- Experiência e reputação: busque fornecedores com tempo de mercado e reputação. A robustez da plataforma é validada por sua base de clientes, pois indica que o sistema foi estressado e aprimorado.
- Conformidade regulatória: o fornecedor deve garantir que a solução atenda às exigências regulatórias que dependem de tecnologia. A plataforma precisa se comprometer com a entrega de Cadocs, SPED, Des-if e exigências referentes ao tipo de instituição.
- Segurança e infraestrutura: aqui voltamos ao padrão e requisitos de segurança exigidos pelo BC. A empresa deve usar melhores práticas como desenvolvimento seguro, testes de penetração (pen tests) e ferramentas de observabilidade.
- Arquitetura técnica: a plataforma deve ser modular e escalável para suportar o volume esperado e permitir transição regulatória sem exigir migração completa. Soluções nativamente integradas por meio de API reduzem o esforço de integração e aceleram o time-to-market.
Matera: o fornecedor de tecnologia para serviços financeiros
A Matera é uma solução de mercado robusta e preferível para a oferta de serviços financeiros devido a uma combinação de expertise consolidada, robustez tecnológica e a capacidade de gerenciar a complexa carga regulatória brasileira.
Já são mais de 35 anos com uma base de clientes ampla e diversa, são mais de 280 no momento, incluindo instituições de grande porte, como Bank of America, Cielo, Mercado Pago, C6 Bank, Digio e Pefisa. Isso demonstra experiência e maturidade.
Além disso, nossas soluções são cloud ready, integradas por APIs e trabalhamos com arquitetura baseada em eventos, o que garante alta disponibilidade e escalabilidade - tecnologia que cresce com a sua operação.
Preencha o formulário e vamos conversar sobre como podemos apoiar os seus objetivos!